De memória prodigiosa , capaz
de cantar de cor
a infinda letra
de Alberto, Paulo Vanzolini, sempre que chamado a cantar , se desculpa e logo
devolve o microfone aos cantores ,
“chega de amador ,
melhor deixar
com os profissionais ”.
A classificação de compositor
costuma tirar a carteirinha de cantor de grandes
nomes dos discos ,
inclusive os de excelente
material vocal
como Caetano Veloso, João Bosco, João Nogueira , Luis Melodia
e Paulinho da Viola , no Brasil, e, fora daqui, Tom
Waits, Paul McCartney e tantos outros .
E, ainda que se acredite que
a proximidade da criação
da música incremente intimidade da voz
às voltas com
as notas musicais, essa tese não explica por
que “Nervos de Aço ”,
do Lupcínio, quase que
pertence ao Paulinho da Viola ; “O Gago Apaixonado”, do Noel, ao João Bosco; ou as hispano-americanas do “Fina Estampa”, ao Caetano
Veloso, para ficar apenas nos exemplos das grandes
vozes que
também compõem.
Também os de vozes
menos afortunadas não
fogem a esta regra . “Sem Compromisso ”,
do Geraldo Pereira , parece feita para a voz
do Chico, que ainda
lhe criou uma irmã, menorzinha, mas linda , “Deixe a menina ”.
E não é diferente no caso
do Vanzolini. Não tenho informações de que
tenha cantado músicas de outros , mas é ótimo intérprete das suas próprias. E elas
precisam de intérpretes de peso, porque suas letras não
são pra qualquer um.
A peleja amorosa vai se desenvolvendo, deságua no amor “ciúme fogo nos olhos / beijo fogo na boca ” e, nesse ponto , o
Paulo nos manda uma interpretação bem
temperada e engrandecedora, no disco “Paulo Vanzolini por
ele mesmo”, de 1981:
“e o coração ,
------------------------
(*) Amor de trapo e
farrapo / Todo errado, mas tão gostoso / De dar arrepio na espinha / Amor de
galo de rinha / Amor de arranca-toco / Amor de louco contra louca / Ciúme, fogo
nos olhos / Beijo, fogo na boca
E o coração, / Incêndio
pleno / Amor sereno/ Amor pirraça / Amor veneno / Amor cachaça
Amor debaixo dágua / Amor
no meio dos infernos / Amor de meter susto ao padre eterno / E ja se vê / Só
pode ser amor de eu e você
(**) “Injuriado” – Chico Buarque
Nenhum comentário:
Postar um comentário